O estádio e o teatro eram duas das instituições socioculturais mais importantes da cidade grega, pois neles se celebravam inúmeros e programados concursos e festivais que faziam parte do culto cívico, cultural e religioso.
Os maiores santuários da cidade possuiam na sua área os teatros e estádios, a par de templos, tesouros, oráculos, hipódromos e acomodações para sacerdotes e peregrinos. Em todos eles havia celebrações de festivais que se realizavam na data de aniversário do Deus a que eram destinados, dos quais faziam parte cerimónias religiosas, concursos ginasiais, hípicos e atléticos, concursos líricos e musicais, de tragédia e comédia e, por vezes, também concursos de beleza para homens e mulheres.
O ESTÁDIO
Os estádios eram construções destinadas á prática de jogos. A formação escolar grega incluía aprender a ler, escrever, contar, tocar um instrumento, cantar, recitar, dançar e praticar exercício físico nos ginásios, a fim de se prepararem para a Guerra e também para os jogos.
Nos jogos só podiam participar os cidadãos gregos que fossem membros da boa sociedade e tivessem boa consciência para com os homens e para com os Deuses; por isso os atletas não eram profissionais.
Os melhores recebiam coroas de oliveira ou de loureiro e a admiração e estima dos seus compatriotas, pois conseguiram ultrapassar os seus próprios limites na procura da excelência, atingindo o supremo valor do pensamento grego. Além disso, eram também imortalizados pelos poetas nos seus cantos de vitória e pelos escultores nas suas estátuas.
No séc. IV a.C, por várias razões, as competições desportivas decaíram e os participantes passaram a ser profissionais. Em 393 a.C., o imperador Teodósio proibiu estes jogos, considerando-os pagãos.
Estádio de Epidauro, sécs. V e IV a.C.
Estádio de Delfos, séc. V a.C.
Ruínas do Estádio de Olímpia
Estádio de Priene, período helenístico
O TEATRO
O teatro (theatron - local onde se vai para ver) nasceu no séc. VII e revestiu-se de grande importância entre os gregos, por diversas razões. Pensa-se que está relacionado ao culto do Deus Dionísio (Deus do Vinho).
Pisístrato e Péricles foram os dois grandes impulsionadores do teatro em Atenas. O primeiro organizou os primeiros concursos dramáticos em 534 a.C., e o segundo foi o grande defensor do teatro, nomeadamente com o theórikon (Péricles oferecia bilhetes aos mais pobres, para que estes também podessem assistir ao espectáculo).
O teatro tinha uma função cultural e de formação cívica e religiosa dos espectadores, levando-os a pensar e a reflectirem sobre o sentido da existência humana, o destino do Homem, o poder dos Deuses e a vingança destes sobre quem os desafiasse. Era também através do teatro que se ensinavam as virtudes aos cidadãos (ética, moderação, humanismo, pacifismo, sabedoria, coragem, entre outras), levando-os também a reflectir sobre os vícios dos homens (adultério, ambição, maldade, desrespeito pelas leis e pela religião, entre outros).
Os concursos estavam a cargo de um grupo de altos magistrados e cidadãos ricos (coregia), que escolhia as peças, nomeava os actores e financiavam o espectáculo.
Os actores ou hipócritas eram sempre homens e interpretavam na mesma peça vários papéis, inclusivé papéis femininos, por isso usavam uma grende variedade de trajes e também máscaras que os ajudavam a caracterizar a personagem.
Existia também o coro, que dançava e cantava ao som do oboé, pois poesia, dança e música estão sempre interligados.
As representações duravam quatro dias seguidos, sem entreactos ou intervalos; tinham sempre uma assistência muito concorrida, atenta, divertida e participativa.
Os primeiros teatros eram construções bastante simples: a orquestra ficava no ponto mais baixo, em terra batida; as bancadas eram em madeira ou cávea e estavam dispostas em semicírculo nas vertentes naturais; e o palco ou cena era uma espécie de estrado com uma tenda que servia de cenário e camarim para os actores. Os teatros em pedra surgiram apenas do final do séc. V a.C., nas cidades e nos santuários, construídos no declive das colinas, pois a depressão geográfica criava boas condições acústicas e propiciava a visão total do espaço, e virados para o mar ou para a montanha, pois a paisagem natural integrava o cenário.
A tragédia é o género mais antigo e atingiu o seu apogeu no tempo de Péricles pois este considerava o teatro uma verdadeira instituição pública com fins cívicos e religiosos, para além de promover também a cultura dos cidadãos atenienses. A tragédia era escrita em verso e o seu conteúdo estava quase sempre ligado ás antigas histórias religiosas, representando a vida dos deuses e a loucura e insensatez do Homem, numa luta constante entre as forças humanas e as forças divinas e do destino que, devido ao fatalismo e à maldição, se impõe.
O enredo, descrito em tensão crescente, prende o espectador que vai pressentindo a iminência da catástrofe.
Dentro deste género os principais representantes são:
Ésquilo (525-456 a.C.), conhecido como o verdadeiro criador da tragédia grega; as suas peças mais conhecidas são: "Os Persas" e "Prometeu Acorrentado";
Sófocles (495-405 a.C.), o autor mais premiado. As suas obras mais conhecidas foram: "Ajax", "O Rei Édipo" e Antígona", onde descreve o homem comum, com carácter e sentimentos, numa construção perfeita e de grande sentido dramático, onde o suspense está sempre presente;
Eurípedes (485-406 a.C.), que em obras como "Medeia" e "Electra", realçou o papel da mulher, questionou a religião e a tradição, incentivando e provocando no espectador a admiração e o respeito pelo cidadão e pelo camponês humilde e digno, que, numa atitude revolucionária, lutam contra o destino e contra os ricos, pela defesa da igualdade política e pela justiça social.
Outro género do teatro foi a comédia, mais tardia e menos duradoura que a tragédia. O seu conteúdo estava principalmente ligado aos assuntos do quotidiano e da vida terrena, ridicularizando com um grande espírito crítico e liberdade os vícios, hábitos, modas e atitudes dos políticos, filósofos, escritores e até dos deuses.
Neste género o seu principal representante foi:
Aristófanes (445-385 a.C.), conhecido pela sua fecunda inspiração, virtuosismo verbal, liberdade de linguagem, veia cómica e impiedosa sátira e por questionar a actualidade política e social e elogiar a excelência dos costumes antigos; as suas principais obras são: "A Rã", "As Moscas na Figueira", "A Assembleia de Mulheres" e "Os Cavaleiros".
Teatro de Dionísio
Teatro de Mileto
Teatro de Pérgamo
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