A Coluna de Trajano
A Coluna de Trajano pertence á tipologia da arquitectura comemorativa romana e pensa-se que tenha sido inspirada nos obeliscos egípcios. É um monumento urbanístico, simultaneamente arquitectura e escultura, que teve a função de assinalar um momento histórico, conferindo-lhe um carácter documental e honorífico.
Foi construída em 112-114, em Roma, no Fórum de Trajano, sobre o túmulo desse imperador, para comemorar a vitória dos Romanos contra os Dácios.
A Coluna de Trajano inserida no Fórum
A sua construção foi concebida e dirigida pelo arquitecto Apolodoro de Damasco e demonstra o espírito histórico e triunfalista dos Romanos que, de um modo original, glorificaram o seu imperador.
É decorada com um relevo historiado que se desenrola á volta da coluna e que conta os inúmeros acontecimentos das duas campanhas de Dácia, encobrindo ainda as 43 janelas que iluminam a escadaria interior. No topo da coluna existe um capitel dórico monumental, que era encimado por uma águia de bronze, símbolo do Império. Mais tarde foi substituída por uma estátua em bronze de Trajano e actualmente possui uma estátua de S. Pedro, colocada em 1588.
Pormenor do capitel da coluna e da estátua de S. Pedro que a encima
A narrativa da coluna é feita através de diversas cenas em mármore que descrevem aspectos geográficos, logísticos e políticos da campanha. Mas o que sobressai de toda a representação é a magnanimidade do imperador, que acolhe os vencidos com generosidade. O imperador é mostrado como o grande protagonista que dirige e orienta os trabalhos, intervém nas batalhas e acode nas situações complicadas.
Pormenor do relevo historiado da Coluna de Trajano
As cenas são realistas e tratadas de modo natural, sucedendo-se umas às outras, sem separações ou linhas divisórias. Esta narrativa apresenta um verdadeiro “horror ao vazio”, devido à sua densidade e grande número de personagens.
O escultor trabalhou habilmente este relevo em friso com uma pequena profundidade no talhe, para que os efeitos de luz e sombra não prejudicassem a leitura das cenas quando vistas de baixo.
O relevo desta coluna é considerado uma das obras mais ambiciosas do mundo antigo, sendo muito maior e mais perfeccionista que o friso das Panateneias do Templo do Pártenon.
ESCULTURA
- A escultura romana revela características realistas, centradas na personalidade do indivíduo, com influências da arte etrusca e da arte grega do período clássico e, principalmente, helenístico, porque os Romanos preferiram o realismo emocional da representação à perfeição idealizada e quase "sagrada", pois aquele estava mais de acordo com o seu espírito prático e pragmático;
- Mais realista que idealista, a estatuária romana teve o seu maior êxito nos retratos, normalmente em forma de busto. Reproduziam exactamente o modelo, acentuando até os “defeitos”, as “disformidades” e as características fisionómicas dos olhos, das sobrancelhas, da boca, barba e cabelo, bem como marcas do tempo e do sofrimento humanos. Deste modo a escultura romana conseguiu atingir o seu propósito: eternizar a memória dos homens através de imagens reais que evidenciavam o carácter, a honra, a glória e a psicologia do retratado, com um carácter quase fotográfico;
- No séc. I a.C., durante o governo de Octávio César Augusto, o retrato começa a sofrer mudanças e a mostrar nítidas influências do ideal grego, sobretudo no retrato oficial: visto que os imperadores se tornavam deuses após a morte, os seus retratos e estátuas apresentavam-no de um modo mais classizante, mais idealizado e mais divino, mas por outro lado também mais grave, para ser admirado, respeitado e honrado; as figuras adquiriram uma pose mais triunfal, majestosa e bela, embora, algumas partes do corpo, principalmente a cabeça, continuassem plenas de verismo, mostrando as feições naturais do representado. Feitos em materiais como a pedra e o bronze e cunhados em moedas, os retratos foram o espelho do poder imperial e um elemento de unificação do território, pois os retratos do imperador chegavam a todas as partes do império;
- A época do Alto Império ficou marcada pela grande produção escultórica e pelo facto de, pela primeira vez, se poder falar em consumo privado de Arte e no gosto pela obra de arte em si mesma, desenvolvendo-se a paixão pelo coleccionismo, bastante "banal" nos tempos de hoje;
- A decadência do império (sécs. IV e V d.C.) correspondeu a uma fase de simplificação na escultura: as figuras começaram a apresentar uma grande influência da estética oriental, com o seu frontalismo e hieratismo e feições mais abstractas e simplificadas, principalmente no retrato; houve também uma perda progressiva da noção de perspectiva e profundidade. O Cristianismo também marcou esta fase com o seu esquematismo e simbolismo da figuração, pois os seus conceitos de imortal e espiritual, converteram a representação humana em símbolos; deste modo o retrato oficial perdeu a sua carga de individualidade;
- Dividiu-se em três tipologias:
Estátua-retrato de Augusto de Prima Porta, séc. I a.C e a estátua do patricío Barberini, 30 a.C, respectivamente
Pormenor da estátua-retrato de Augusto como Pontífice Máximo
Busto de Marco Aurélio, de Brutus Capitolino e de Júlio César, respectivamente
Estátua de Dionísio, cópia romana de uma obra grega
Estátua equestre em bronze de Marco Aurélio, séc. II d.C.
Fragmentos da estátua colossal de Constantino
Pormenor de um dos relevos do Arco de Tito
Relevos do Ara Pacis, altar da paz
Detalhe do relevo romano "Marco Aurélio e os bárbaros", séc. II d.C.
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