Segunda-feira, 16 de Fevereiro de 2009

ACONTECIMENTO - A coroação de Carlos Magno (25 de Dezembro de 800)

 

 

Carlos I, nascido em 742, filho mais velho de Pepino, subiu ao trono franco em 768, após a morte deste. Neste tempo a Europa ainda era uma região inóspita e instável, repartida em varias unidades politicas bárbaras.

Segundo Enginardo, biógrafo e contemporâneo do imperador, Carlos Magno "dava, exterioremente, quer sentado quer de pé, uma forte impressão de autoridade e de dignidade (...) Falava com abundância e facilidade, sabia exprimir tudo o que queria com grande clareza. Aplicou-se ao estudo das línguas estrangeiras e aprendeu tão bem o latim que se exprimia indiferentemente nesta língua ou na língua materna."

 

Graças ás qualidades como militar e governante de Carlos Magno, o Ocidente conheceu  a sua primeira época de estabilidade e ordem, após as grandes invasões. Teve grande êxito nas suas expedições militares devido á superioridade da cavalaria que era a arma mais forte dos seus exércitos.

Preocupou-se também com a administração dos territórios que dividiu em condados (geridos por condes e vigiados pelos missi dominici) e restaurou as letras e as artes, ao rodear-se de sábios e estudiosos e incentivando os seus trabalhos.

Executou ainda reformas na educação que ajudaram a preparar o caminho para o Renascimento do século XII.

Nas suas campanhas fez-se acompanhar por missionários e pregadores, procedendo assim à conversão forçada ao catolicismo, dos povos conquistados, massacrando os que se recusavam a converter. Desta maneira deu um aspecto de cruzada a favor da Igreja ás suas lutas. Assim alargou consideravelmente o horizonte da sua influência espiritual.

Em Dezembro de 800, Carlos foi largamente recompensado pela Igreja, ao receber a coroa de imperador do Ocidente. Este acontecimento revestiu-se de grande importância politica visto que concedeu a Carlos Magno a qualidade de legitimo herdeiro dos imperadores romanos; restabeleceu o Império Romano do Ocidente, transferindo a dignidade imperial para o rei dos Francos; unificou o Ocidente sob o mesmo poder político e também o mesmo poder espiritual - o do Cristianismo e dos papas de Roma.

Faleceu em 814, em Aix-la-Chapelle.

 

 

 

 

O significado histórico da coroação de Carlos Magno:

 

"O restabelecimento do Império [o Romano] no Ocidente parece ter sido ideia do Pontífice [Papa Leão III] e não do carolíngio [Carlos Magno]. (...) Mas em 799 o Papa Leão III viu uma tripla vantagem em dar a Carlos Magno a coroa imperial. Preso e perseguido pelos seus inimigos de Roma, necessitava de ver a sua autonomia restaurada, de facto e de direito, por alguém cuja autoridade a todas se impusesse sem contenstação: por um imperador.

Chefe de um Estado temporal, o património de S. Pedro, queria que o reconhecimento dessa soberania temporal fosse confirmado por um rei superior a todos os outros - tanto no título como nos factos. Finalmente, tanto ele como uma parte do clero romano pensavam fazer de Carlos Magno imperador de todo o mundo cristão, incluindo Bizâncio, a fim de lutar contra a heresia iconoclasta e de estabelecer a supremacia do Pontífice romano sobre toda a Igreja."

 

Jacques Le Goff, A Civilização do Ocidente Medieval, Ed. Estampa

 

Publicado Por Cíntia Pontes às 17:06
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