Situados no alto da cidade, na acrópole de Atenas, estes templos são dois dos exemplos máximos do génio grego e da perfeição alcançada na arquitectura.
TEMPLO DO PÁRTENON
O Templo do Pártenon foi reconstruído sobre estruturas já existentes, no tempo de Péricles, para celebrar a vitória contra os Bárbaros. Pretendia ainda simbolizar a hegemonia de Atenas sobre as restantes cidades gregas no que se refere à cultura, à capacidade naval, ao comércio e à política em que se destacava a sua organização democrática.
O seu nome significa "casa da virgem" e foi dedicado a Athena Pallas, deusa dos atributos guerreiros e da sabedoria, guardiã e protectora da cidade-estado Atenas.
Esta construção assinala o apogeu da arquitectura grega, sendo o edifício mais carismático e esbelto e o maior templo da Grécia Antiga, e demorou 11 anos (447-436 a.C.).
Os artistas que se destacaram na sua construção e decoração foram o escultor Fídias e os arquitectos Íctino e Calícrates.
É um templo dórico, cujas colunas têm um capitel geométrico e muito simples, em forma de almofada. É ainda períptero, por ter colunas a toda a volta, e octástilo pois possui oito colunas na fachada anterior, de entrada, e posterior, e dezassete - o dobro mais uma - nas fachadas laterais; assenta sobre uma plataforma com três degraus e possuia uma rampa de acesso.
O edíficio é rodeado por uma colunata que ladeia o peristilo, suporta a arquitrave, o friso e a cornija e que lhe confere um carácter particular, onde se une força, robustez e elegância.
O seu corpo central é dividido em três espaços: o pronaos, o naos ou cella, que continha a estátua criselefantina (feita em ouro e marfim) de 12 metros de altura, da deusa Atena Parteno, executada por Fídias, e o opistódomos onde se encontrava guardado o tesoura da "Liga de Delos", que estava a cargo de Atenas. O pronaos e o opistódomos abrem-se sobre um pórtico interno com seis colunas.
A cobertura do templo era feita por um telhado de duas águas, que formava os frontões triangulares que eram preenchidos por relevos. Era decorado com cores vivas tais como o vermelho, o azul e o dourado e foi construído em mármore branca que com o tempo adquiria um suave tom dourado.
Reconstituições feitas a computador do templo do Pártenon, com as cores e decoração originais
A decoração esculpida encontra-se nos frisos e nos frontões: no friso exterior estão representadas quatro lendas bélicas - na fachada meridional, a luta dos Centauros contra os Lápitas, na fachada ocidental a luta dos gregos contra as Amazonas, na fachada setentrional a tomada de Tróia e na fachada oriental a luta dos Deuses contra Gigantes; no friso interior, ao longo longo da parte superior das paredes exteriores da cella, situa-se o friso jónico contínuo da Procissão das Grandes Panateneias (personagens e animais, organizados em desfile transportando o novo manto em ouro que as jovens atenienses ofereciam à deusa Atena, de quatro em quatro anos); no frontão este está representado o nascimento de Atena, saindo da cabeça de seu pai, Zeus, e no frontão oeste, a disputa da Ática por Atena e Poseídon.
Colunas dóricas do templo
Pormenor do frontão, dos frisos e das colunas do templo
Relevo da fachada meridional - Luta dos Centauros contra os Lápitas
Relevos das paredes exteriores da cella - Procissão das Grandes Panateneias
Detalhe da parte superior do templo, mostrando a inserção do relevo nas métopas
Os deuses a assistir á Procissão das Panateneias (fig. cima - Poseídon, Apolo e Artemisa; fig. baixo - Atenas e Hefestos)
Relevo da fachada setentrional a tomada de Tróia
Toda a estrutura do templo do Pártenon pode ser lida de uma maneira significativa: o povo eram as colunas; o conjunto dos pórticos de entrada, encimados pelo frontão e colocados paralelamente, funcionavam como orgãos do tear, que era o símbolo de todos os lares gregos; e, por último, o engrossamento das colunas, provocado pela entasis, sugerem visualmente as velas de um barco insufladas pelo vento, que simbolizam o poder bélico e económico de Atenas.
O TEMPLO DE ATENA NIKÉ
O templo de Atena Niké ou Niké Áptera (que significa vitória sem asas) é um hino á deusa Niké e à feminilidade que a ordem jónica representa.
Construído entre 432 e 420 a.C., o templo ergue-se no muro oriental da muralha da acrópole de Atenas e seguiu o plano do arquitecto Calícrates.
O templo era rodeado por uma balaustrada (espécie de varanda), mais tardia que o templo, que tinha como objectivo proteger os peregrinos do precipício a que se elevava o templo.
Reconstituição feita a computador mostrando a aspecto original do templo com a balaustrada á volta
É um templo de dimensões reduzidas, localizado á direita da entrada da acrópole e enquadrado obliquamente em relação ao Propileus (entrada monumental para a acrópole).
Enquadramento do templo no Propileus
Construído em mármore pantélico, é um templo jónico anfipróstilo, pois possui quatro colunas nas fachadas principal e posterior, que se destaca pela extrema simplicidade.
Devido ao reduzido espaço para a sua construção, o templo continha apenas uma pequena cella, sem opistódomos.
A sua requintada decoração, concentrada no friso, é uma obra do escultor Agorácrito. O friso é uma faixa contínua onde aparecem representados os deuses do Olimpo, sentados ou de pé, seguindo atentamente as batalhas entre Gregos e Persas. A balaustrada do templo era decorada com uma série de vitórias aladas (nikái), cujas personagens possuiam atitudes graciosas e grande harmonia de proporções, erguendo troféus e celebrando sacríficios.
Frisos do templo decorados com cenas das batalhas entre Gregos e Persas
Nos frontões a decoração possuia uma temática diferente: a este, a dos gigantes, e a oeste, a das amazonas.
A decoração esculpida deste templo é um verdadeiro hino à beleza e à harmonia.
Um dos seus mais famosos relevos é a "Niké desapertando a Sandália".
Estas figurações não são apenas corpos estruturais envolvidos em vestuário, mas sim formas moldadas por drapeados flutuantes e transparentes, que fazem sobressair uma sensualidade subtil, que anuncia a arte do séc. IV a.C.
Após a morte de Dario, rei dos Persas, em 486 a.C., sucedeu-lhe Xerxes, seu filho, que com uma atitude imperialista pretendia continuar com o plano de conquistar as cidades da Ásia Menor e da Grécia continental.
Com o objectivo de conquistar a Grécia, Xerxes preparou um vasto exército com uma infantaria bem equipada e com 1207 barcos, em que a sua tripulação reunia persas, assírios, árabes, egípcios, lídios e indianos.
Entretanto formou-se a Liga de Delos constituída por várias cidades gregas como Atenas, Esparta e Egina que se uniram e preparam para oferecer resistência.
O exército de Xerxes, saindo da Pérsia, atingiu a margem do continente vizinho, passou o Estreito de Helesponto (antigo nome do estreito de Dardanelos na Turquia) e preparou-se para a conquista. Na passagem por Termópilas derrota os Espartanos e ao chegar á Península da Ática derrota também os atenienses e destrói grande parte da cidade de Atenas. Alguns atenienses conseguem fugir para a ilha de Salamina (Costa Ocidental da Ática, Golfo da Egina), onde se refugiam.
Temístocles (comandante chefe da frota ateniense), com grande astúcia, consegue atrair o exército de Xerxes para a zona de Salamina, pois pensava que aí seria fácil derrotá-los.
Xerxes e a sua armada entram no Golfo de Salamina, no dia 29 de Setembro de 480 a.C., onde os esperam cerca de 300 barcos gregos (trirremes), leves, ágeis e velozes, que os cercaram, deixando-os sem espaço para manobras.
Os gregos, apesar da diferença numérica em relação aos persas e do grande poder bélico deste povo, conseguiram vencê-los com inteligência, estratégia, coragem e velocidade.
Esta vitória e o fim das Guerras Persas garantiram á Grécia a sua independência em relação aos persas.
Atenas é considerada a salvadora da Grécia e assume a liderança e a hegemonia ao criar a Liga de Delos (478 a.C.).
A cidade foi reconstruída e assegurou a sua protecção com a construção de muralhas á volta do Porto do Pireu. No entanto, não conseguiu criar uma união pan-helénica e a rivalidade entre Esparta e Atenas revela ser a causa do fim da Grécia.
Trirreme grega
Péricles (c. 495/492-429 a.C.) nasceu no seio de uma família rica, da alta sociedade.
Participou na vida política de Atenas como estratega e entre 460-429 a.C. como strategos autokrator, isto é, o general eleito anualmente pelo povo, por unanimidade que, juntamente com nove eleitos, governava a cidade.
Era um homem honesto, competente na gestão dos bens públicos e segundo Tucídides, um defensor do diálogo e não um incentivador á violência. Dominou Atenas pela inteligência, pela palavra e pela brilhante actuação (embora tivesse sido alvo de grandes críticas).
Apelando e lutando pela rectidão, pela justiça, pelo diálogo, pela liberdade e pela verdade, Péricles contrastava com uma sociedade que se começou a revelar quezilenta, invejosa e individualista.
Proporcionou a Atenas o seu apogeu económico, cultural e artístico, correspondendo a uma época que com ele desapareceu, pois mais nenhum dos políticos que se seguiram conseguiu fazer algo parecido pela cidade.
Durante o seu governo, os seus objectivos foram aumentar a representação do povo na governação e consolidar a democracia. Preocupou-se ainda em impor e vigiar a correcta e efectiva as leis democráticas, já decretadas.
Péricles consolidou o regime de democracia directa, plebiscitária, onde o governo está submetido ao princípio da soberania popular e á vontade da maioria - "Um governo para o povo e pelo povo".
A reconstrução da sua cidade, feita com perfeição técnica e domínio estético num curto espaço de tempo, foi também outra das suas armas políticas. Foi ele quem instituiu o misthos ou mistoforia, um subsídio diário diversificado, que mudava conforme as funções e era atribuído a todos que servissem Atenas (visava ajudar os mais pobres para que pudessem participar na vida política).
Em 431 a.C surgiu a guerra com Esparta e Péricles faleceu pouco tempo depois, vítima da peste que assolou a cidade durante a guerra.
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