A arte românica surgiu em plena época feudal, tendo-se desenvolvido entre os sécs. XI e finais do séc. XII, transformando-se numa arte amadurecida e estruturalmente flexível, que se espalhou por toda a Europa, tornando-se no primeiro estilo internacional da Idade Média. Nesta época, toda a civilização europeia se moveu em nome de uma renovação arquitectónica que foi a expressão mais pura da Fé.
A religião, o temor religioso e o medo do Juízo Final, movimentaram os fiéis nas peregrinações aos principais lugares santos. Os mosteiros e as igrejas que eram centros difusores da religiosidade da época, tinham uma maior importância quando possuíam relíquias de santos, tornando-se, eles mesmos, locais de peregrinação.
As peregrinações e as cruzadas, feitas por populares e nobres, contribuíram em grande parte para a internacionalização da arte do Oriente e do Românico.
O sistema político feudal e a religião foram os dois pólos dinamizadores da arte na sociedade medieval. A arte serviu a majestade do poder temporal e religioso, sendo feita para honorificar ambos.
ARQUITECTURA
- A arquitectura românica recebeu influências da Antiguidade pagã, do Oriente (nomeadamente da arte bizantina) e dos povos bárbaros e da Irlanda;
- Dividiu-se em dois tipos:
» Arquitectura civil e militar
- O castelo: Para além do sentido religioso aplicado nas artes em geral, a época necessitou também de uma arquitectura com características defensivas. Nesse sentido surgiu a torre (habitação do senhor ou do nobre), situada numa elevação natural ou artificial, para uma maior segurança; ao seu redor era construída, em terra ou madeira, uma paliçada e um fosso com água, que defendiam a torre, as casas dos populares, os estábulos e os celeiros. A partir do séc. XI, devido a novas tácticas de defesa e armamento, as torres passaram a ser construídas em pedra. Apresentavam um aspecto fortificado e austero, com paredes grossas e altas; tinham forma quadrangular, reforçada por contrafortes salientes, e uma planta muito simples (duas ou três divisões unidas, sem espaços de ligação). As mais complexas possuíam no piso inferior um átrio com uma loja ou oficina; no segundo piso uma sala, a aula, que servia, por vezes, como local de reuniões de família, e a capella (oratório); no terceiro piso situavam-se os aposentos. A entrada da torre era bastante peculiar pois o acesso era feito directamente para o primeiro piso, através de uma escada em madeira que era retirada em momentos de perigo.
Torre de D. Urraca, Espanha, séc. X
Devido ao contacto com o Oriente das cruzadas, as torres evoluíram no sentido do castelo, que apresentava todas as características da torre, mas ocupava um maior espaço e continha mais elementos arquitectónicos como: uma dupla muralha com paredes compactas, terminada em ameias (aberturas no parapeito da muralha que serviam para os defensores avistarem os inimigos), rodeada pelo adarve ou caminho da ronda com baluartes com seteiras (aberturas na muralha para, como o nome indica, se lançarem setas ou flechas) nas guaritas, fosso (escavação profunda e regular, destinada a dificultar e, principalmente, impedir o acesso do inimigo e, desde o séc. XII, por cima das entradas, mata-cães; possuíam uma torre de menagem, que permitia a segurança do castelo; o pátio exterior; a capela; as cisternas; as casas das guarnições e dos cavaleiros; as cavalariças e os armazéns;
Torre de menagem do Castelo de Monsaraz, Portugal
Castelo de Peyrepertuse, França
» Arquitectura religiosa
- Na formação desta tipologia tiveram grande importância os ensinamentos das ordens religiosas de Cluny (a partir de 984) e de Cister (a partir de 1100): o estilo cluniacense, de ornamentação profusa e muito luxuosa, com pinturas murais e esculturas decorativas, contrastava, sem dúvida, com a grande sobriedade cisterciense, cujas construções possuíam paredes nuas, quase sem elementos decorativos;
- A Europa Medieval, como afirmou Raoul Glaber, "cobriu-se com um manto branco de igrejas", todas elas unidas pela mesma fé e pelos mesmos princípios, mas com uma grande diversidade formal, com particularidades próprias de cada região. Foi esta diversidade na unidade que mais caracterizou o Românico;
- A catedral (também denominada por igreja, na linguagem comum): Definida a partir do século XI, apresenta como novidade em relação às anteriores o facto de ser totalmente abobadada em pedra, substituindo os tectos em madeira: a nave principal era coberta por abóbadas de berço ou canhão, que em alguns casos eram substituídas por cúpulas e as naves laterais eram cobertas por abóbadas de aresta (cruzamento na perpendicular de duas abóbadas de berço, da mesma dimensão e ao mesmo nível);
Interior da Catedral de Durham, Inglaterra: salientam-se as abóbadas de aresta e as grossas colunas
- Articulação em planta da catedral românica: As igrejas românicas seguem dois modelos: o menos utilizado, de planta centrada, em cruz grega, hexagonal, octogonal ou circular, de influência oriental; e o dominante, de tipo basilical, em cruz latina, com três, cinco ou sete naves. As naves da catedral são atravessadas por uma outra, o transepto, que podia ter apenas uma nave ou ser tripartido como o corpo da igreja e que confere ao edifício a sua forma cruciforme; no ponto de cruzamento aparece o cruzeiro, encimado pelo zimbório ou torre lanterna (sistema de iluminação e arejamento da igreja); no lado nascente do transepto abrem-se um ou dois absidíolos, que por vezes eram colocados no alinhamento das naves laterais; a nave central conduz à abside central, que contém a capela-mor onde se situa o altar e o coro. Devido ao aumento do culto, foi necessário construir mais altares onde se celebravam vários ofícios ao mesmo tempo; para tal, foi construído o deambulatório (espécie de corredor ou nave curvilínea), que contorna a abside e geralmente possui três a cinco capelas radiantes (que serviam para instalar os altares secundários). Este em conjunto com a abside forma a cabeceira. As igrejas de peregrinação possuíam uma cripta, local onde se depositavam e veneravam os restos mortais e/ou as relíquias dos santos e onde se realizavam cerimónias religiosas; em alguns casos a igreja românica é precedida por um nártex, que serve de vestíbulo à igreja (influência da basílica cristã); destinava-se a abrigar os catecúmenos (não baptizados), os energúmenos (possuídos dos demónio) e os penitentes; ou por um átrio, um recinto aberto, espécie de pátio quadrangular rodeado por quatro alas abobadadas e colunadas. Consoante as regiões, a catedral podia ter uma ou duas torres sineiras, que ladeavam a fachada principal e possuíam diversas aberturas que difundiam a luz para a nave principal;
Igreja de Saint Gilles-du-Gard, França
- Alçado interno da catedral românica (desenho do edifício projectado num plano vertical, perpendicular à base): As igrejas são constituídas pela arcada principal, que divide a nave central das laterais e é formada por pilares ou colunas; pela tribuna, uma espécie de galeria semiabobadada, aberta para a nave central, que se destinava às mulheres que iam sozinhas à igreja, pois daí se assistia aos ofícios religiosos; pelo trifório, formado por arcos e que, por vezes, substituía a tribuna e interligava o pequeno corredor situado acima da nave lateral à nave principal (na inexistência desse corredor, o trifório era apenas uma arcatura decorativa cega); e pelo clerestório, a zona de iluminação da igreja que fica pegado aos arcos do tecto, constituído por janelas ou frestas;
Catedral de Malmesbury, Inglaterra: na imagem pode-se ver a arcada principal (nível inferior), o trifório (nível intemédio) e o clerestório (nível superior)
- Devido ao equilíbrio de forças necessário à sustentação das abóbadas, as paredes da catedral românica são grossas, compactas e com poucas aberturas. Isto confere aos interiores, um clima místico de paz e recolhimento, propício à reflexão e à oração;
Igreja de Notre-Dame du Port, França, séc. XI
Igreja de Notre-Dame-la-Grande, França, 1143
Igreja de Santa Madalena de Vézelay, França, 1120
Catedral de Modena, Itália
Abadia de Santa Maria Laach, Alemanha, séc. XI
Basílica de Saint-Sernin de Toulouse, França, séc. XI: vista da abside e da torre-lanterna, sobre o cruzeiro
Basílica de Saint-Foy, França
Vista exterior da abside principal da Basílica de Santa Giulia, Itália, séc. XII
- O efeito geral da catedral românica é de grande solidez e robustez, reforçado pelos contrafortes salientes e chafrados ou adossados, situados exteriormente no mesmo alinhamentos dos pilares ou colunas que serviam para sustentar as abóbadas ou as cúpulas utilizadas na cobertura; outra das principais características da igreja românica é a horizontalidade;
Igreja de S. Pedro de Vilanova de Dozón, Espanha
- A decoração esculpida das igrejas românicas possui influências bárbaras e bizantinas. Os relevos, ornamentais, figurativos e sobretudo didácticos, distruibuem-se interna e externamente. No exterior do edifício, a decoração escultórica estava limitada ao portal e à cornija: as cornijas (remate logo a seguir ao telhado) eram decoradas com arcos cegos e cachorradas (conjunto de cachorros, isto é, peças salientes esculpidas), que podiam ter também uma função de suporte da cornija. Os cachorros possuíam formas geométricas, zoomórficas e antropomórficas (as últimas exerciam uma função de educação moral, cívica e religiosa, ou de crítica social e política); a fechar os algeroses (caleiras) existiam gárgulas, que serviam para escoar a água da chuva e podiam ter tanto uma forma simples como serem aproveitadas para a representação de motivos animalistas e míticos;
Gárgulas da Igreja de Saint-Foy, França
Na fachada principal da catedral os elementos decorativos que mais se destacam são as rosáceas (além de decorarem o exterior do edifício, também iluminavam o interior), trabalhadas com motivos geométricos e florais; os grandes janelões (que possuíam as mesmas funções da rosácea); e o portal, que tanto podia ser simples como encaixado num pórtico saliente. O mais vulgar possui: uma entrada chanfrada, ou ombreira, ornamentada com colunelos; uma porta simples ou dupla, que tem a meio do vão uma coluna, também esculpida (mainel), que sustenta a arquitrave (lintel ou dintel), decorada com um relevo esculpido; e um tímpano, espaço semicircular circundado por arcos de volta inteira (arquivoltas), sustentado pelo lintel;
Rosácea da Catedral de Durham, Inglaterra
Portal da Catedral de Saint Lazare, França: detalhe do tímpano (fig. 2), do mainel e do lintel (fig. 3)
Tímpano do portal da catedral de Santiago de Compostela, Espanha
Decoração do lintel da Catedral de Santo André, França
Portal da Igreja de S. Jorge, Hungria
- O mosteiro: À sombra destes viveram monges (como os das ordens de Cluny e de Cister) ou monges cavaleiros (como os Hospitalários e Templários), que foram inicialmente os detentores do saber. Coube quase por inteiro aos mosteiros a difusão do estilo românico, visto que eram os mais importantes núcleos culturais e artísticos deste período. Seguido o ideal ascético da fuga mundi, os mosteiros eram quase todos instalados em zonas isoladas, no alto das montanhas ou em vales e clareiras das florestas, embora alguns existissem no seio das cidades. Eram uma espécie de pequenos mundos autónomos e auto-suficientes, virados para o seu interior e fechados ao exterior por muralhas e portas; foram edifícios de grande complexidade que correspondiam a uma tipologia arquitectónica ditada pelas ordens religiosas. Era constituído por várias dependências necessárias à vida comunitária e à oração - igreja, sacristia, sala capitular, scriptorium, dormitórios, etc. -, distribuídas em três alas arquitectónicas, dispostas ao redor de um espaço quadrangular aberto (o jardim) e rodeado por galerias com arcos de volta inteira apoiados em colunas - o claustro - que ficava adossado ao lado sul da igreja, que o encerrava no fim e era o centro organizador do mosteiro. Possuía uma cuidada decoração escultórica, rica em contrastes de luz e sombra, o que dava ao local uma sensação de paz e recolhimento. Cada uma das alas do mosteiro tinha uma função específica: a que era perpendicular à igreja era chamada de ala dos monges pois continha a sacristia, a sala capitular, as "oficinas" e a escadaria que dava acesso ao dormitório, que ficava por cima destas dependências; na ala oposta à igreja, perpendicular à anterior, situava-se o refeitório, ladeado pelas cozinhas e despensas, o armazém e, por vezes, uma hospedaria; e a ala colada à igreja continha o mandatum, onde se lavavam os pés aos monges acolhidos como hóspedes na comunidade. Técnica e construtivamente, estes edifícios utilizaram as descobertas e invenções obtidas na tipologia anterior, apresentando praticamente todas as suas caracteristicas.
Mosteiro de Santa Maria de Armenteira, Espanha
Ruínas do Mosteiro de Fountains, Inglaterra
Abadia cisterciense de Fontfroide, França, séc. XI
Mosteiro de San Cugat, Barcelona, Espanha
"No decurso dos dez séculos (...) [sécs. V a XV - Idade Média], a Europa ganhou forma... E foi então que nasceu e floresceu uma arte propriamente europeia. Hoje admiramos o que dela resta. No entanto, não consideramos essas formas com o mesmo olhar que aqueles que primeiro as viram. Para nós, são obras de arte e delas esperamos apenas (...) um prazer estético. Para eles estes monumentos, estes objectos, estas imagens eram antes de mais nada funcionais. Serviam. (...) Desempenhavam três funções principais.
A maioria eram presentes oferecidos a Deus, para O louvar, dar-lhe graças, para obter em contrapartida a Sua indulgência e os Seus favores. (...) O essencial da criação artística desenvolvia-se então em torno do altar, do oratório, do túmulo. Esta função de sacrifício justificava que se dedicasse uma grande parte da riqueza produzida pelo trabalho dos homens a embelezar esses locais. (...)
Na sua maior parte, estes monumentos, estes objectos, estas imagens serviam também de mediadores, favorecendo a comunicação com o outro mundo (...). Estavam ali para tornar o ritual das liturgias numa correspondência mais estreita com as perfeições do Além (...), para guiar a meditação dos devotos, para conduzir-lhes o espírito per visibilia ad invisibilia, como diz São Paulo. Condescendentes, os homens de saber atribuíam-lhes, além disso, uma função pedagógica mais vulgar. (...)
Finalmente - e esta terceira função ligava-se com a primeira -, a obra de arte era uma afirmação de poder. Celebrava o poder de Deus, dos seus servidores, dos chefes de guerra, dos ricos. (...) Por isso, nas suas formas maiores, a criação artística, nessa época como em todos os tempos, desenvolvia-se nos lugares onde se concentravam o poder e os benefícios do poder."
Georges Duby, História Artística da Europa, A Idade Média, Tomo I, Quetzal Editores
Arte Paleocristã
- A Arte Paleocristã foi o conjunto de manifestações artísticas dos primeiros cristãos, que decorreram aproximadamente entre o ano 200 e o séc. VI da Era Cristã, correspondendo ao período de expansão do Cristianismo;
- A extraordinária dispersão geográfica desta arte forneceu-lhe uma grande diversidade regional, mas, no entanto, não impediu a subsistência de traços estruturais comuns:
- Na arquitectura, a grande preocupação foi a procura de uma tipologia para o templo cristão, que adoptaria duas funções: ser a morada de Deus e recinto de culto e um local de encontro e reunião da comunidade dos fiéis, impondo assim novas exigências funcionais e de espaço;
- As primeiras igrejas da arte paleocristã obedeceram dois modelos principais: o de planta basilical, em cruz latina, com três ou cinco naves separadas por arcadas e/ou colunatas e cobertas por tectos de armação de madeira; e o de planta centrada, de influência helenística e oriental, com formas circulares, octogonais ou em cruz grega, e coberturas em cúpula e meias cúpulas. Em ambos os modelos sobressai a preocupação em destacar as linhas cruciformes (em forma de cruz), cuja simbologia se havia já começado a definir;
Aspecto da antiga Basílica de São Pedro do Vaticano, Roma, 324
Igreja de Santa Balbina
- Os baptistérios (edifícios sagrados destinados à celebração do baptismo), tal como os mausoléus (túmulos), adoptaram a planta centrada, com uma das portas orientada a leste e outra a poente, com enormes cúpulas sobre a sala central;
Mausoléu de Santa Constança, Roma, 354
- As primitivas igrejas cristãs eram exteriormente pobres e muito austeras e interiormente possuíam uma decoração pictórica, a fresco ou em mosaicos, de belas e vivas cores. O seu modelo mais característico foi o de planta basilical de três naves, que só se impôs como dominante a partir do séc. V, no Ocidente, influenciando toda a evolução artística seguinte, até ao Românico.
Arte Bizantina
- A cidade de Bizâncio (ex- Constantinopla), fundada por Constantino, tornou-se, nos primeiros séculos da Era Cristã, o centro de uma nova cultura, ao mesmo tempo que Roma sucumbia;
- Esta nova cultura, a Bizantina foi protagonista de um esplendor que teve origem no universo estilístico do Oriente. Foi aqui que se fundiram as correntes de pensamento do helenismo, do judaísmo e do cristianismo;
- A Arte Bizantina, herdeira de um passado rico, sintetizou as fontes estético-artísticas do Egipto;
- A arquitectura, tal como na arte Paleocristã, teve um lugar de destaque. Foi herdeira do arco, da abóbada e da cúpula, do plano centrado, de forma quadrada ou em cruz grega, com cúpula central e absides laterais; misturou assim estes elementos construtivos da arte romana com o clima místico das construções orientais;
- As construções, exteriormente, possuíam volumes irregulares que conferiam aos edifícios uma maior originalidade, e, interiormente, eram decoradas com mosaicos, pinturas a fresco, azulejos e colunas de inspiração grega e romana, embora um pouco modificadas;
- Foi no reinado de Justiniano, no séc. VI, que se definiu com grande clareza o estilo bizantino;
- Após um período conturbado (invasões, lutas internas), Bizâncio voltou a adquirir nova fase de magnificência, sob a dinastia macedónia. A arquitectura tornou-se mais complexa e abandonou a construção de cúpulas sobre pendentes, passando a edifica-las sobre um tambor cilíndrico. Devido aos problemas técnicos resultantes desta alteração, reduziram-se as suas dimensões, cobrindo-se as restantes áreas com abóbada de berço. A cúpula continuou mesmo assim a ser o sistema de cobertura preferido, sendo empregue em igrejas de planta em cruz grega.
O exterior da Igreja de Santa Sofia de Constantinopla ou Hagia Sophia (Sagrada Sabedoria), Turquia, séc. VI (note-se que os quatro minaretes que circundam a Igreja não pertencem à construção primitiva)
Corte e planta da mesma igreja
Arcos, cúpulas, abóbadas, mosaicos, colunas, pinturas a fresco nas paredes e tectos, azulejos - alguns elementos decorativos do interior da igreja
Igreja de São Vital de Ravena, Itália, séc. VI
Igreja dos Doze Apóstolos
Mausoléu de Gala Placídia, Ravena, Itália
Renascimento Carolíngio
- A cultura e a arte da Europa sofreram modificações com a queda do Império Romano do Ocidente e a entrada e fixação dos povos bárbaros (Visigodos, Ostrogodos, Francos, Saxões, entre outros);
- De entre todos estes povos foram os Francos os mais importantes para a Civilização europeia e os mais conhecidos, principalmente a partir do séc. VIII, quando Carlos Magno, primeiro como rei e depois como imperador, conseguiu unificar o seu poder e formou o Sacro Império Romano-Germânico. Para isso promoveu uma reforma litúrgica e o desenvolvimento da cultura e das artes - o Renascimento Carolíngio, que se prolongou até ao final do séc. X;
- Inspirada na tradição romana e nas influências bizantinas, a arte carolíngia foi humana, realista, figurativa e monumental;
- As construções possuíam exteriores maciços, pesados e severos e interiores ricamente decorados com pinturas murais, mosaicos e baixos-relevos;
- Algumas igrejas apresentavam uma construção acoplada que abria em tribuna para o interior (local onde o imperador assistia aos ofícios) e, exteriormente, funcionava como um pórtico, ladeado por duas torres;
- De todas as construções feitas neste período destacam-se: os palácios de Ingelheim e de Nimègue, a capela palatina de Aix-la-Chapelle (actual Aachen) que hoje se enconta bastante modificada exteriormente, a Igreja de Germigny-des-Près e o Mosteiro de São Gall, na Suiça, cujo projecto total é conhecido pela descrição num pergaminho.
Os interiores ricamente decorados da Capela de Aix-la-Chapelle, Alemanha, séc. VIII
O pergaminho de São Gall - esta planta não corresponde totalmente à real construção
Renascimento Otoniano
- Em meados do séc. X, a Alemanha era governada por Otão I, que aproveitou a crise política que arrasava o Norte da Itália e de pequenos reinos vizinhos, para os conquistar. Assim nasceu o Império Germânico que, embora mais pequeno e frágil que o Sacro-Império de Carlos Magno, pretendia cumprir a mesma função;
- Tal como Carlos Magno, Otão procurou desenvolver a cultura e a arte - o Renascimento Otoniano, que se fez sentir entre 936 e 1024;
- Inspirou-se na tradição romana e na arte bizantina e carolíngia, mas criou um novo modelo, que será adoptado mais tarde pela arquitectura românica alemã: planta de dupla cabeceira e entradas laterais, com dois transeptos contrapostos, com tribuna e com torres nos cruzeiros e nos extremos dos transeptos;
- De todas as construções feitas neste período destacam-se principalmente: a Igreja de S. Miguel de Hildesheim, a de S. Ciríaco de Genrode e a Abadia de S. Jorge de Oberzell.
Igreja de S. Miguel de Hildesheim, Saxónia, c. 1010-1030
A Coluna de Trajano
A Coluna de Trajano pertence á tipologia da arquitectura comemorativa romana e pensa-se que tenha sido inspirada nos obeliscos egípcios. É um monumento urbanístico, simultaneamente arquitectura e escultura, que teve a função de assinalar um momento histórico, conferindo-lhe um carácter documental e honorífico.
Foi construída em 112-114, em Roma, no Fórum de Trajano, sobre o túmulo desse imperador, para comemorar a vitória dos Romanos contra os Dácios.
A Coluna de Trajano inserida no Fórum
A sua construção foi concebida e dirigida pelo arquitecto Apolodoro de Damasco e demonstra o espírito histórico e triunfalista dos Romanos que, de um modo original, glorificaram o seu imperador.
É decorada com um relevo historiado que se desenrola á volta da coluna e que conta os inúmeros acontecimentos das duas campanhas de Dácia, encobrindo ainda as 43 janelas que iluminam a escadaria interior. No topo da coluna existe um capitel dórico monumental, que era encimado por uma águia de bronze, símbolo do Império. Mais tarde foi substituída por uma estátua em bronze de Trajano e actualmente possui uma estátua de S. Pedro, colocada em 1588.
Pormenor do capitel da coluna e da estátua de S. Pedro que a encima
A narrativa da coluna é feita através de diversas cenas em mármore que descrevem aspectos geográficos, logísticos e políticos da campanha. Mas o que sobressai de toda a representação é a magnanimidade do imperador, que acolhe os vencidos com generosidade. O imperador é mostrado como o grande protagonista que dirige e orienta os trabalhos, intervém nas batalhas e acode nas situações complicadas.
Pormenor do relevo historiado da Coluna de Trajano
As cenas são realistas e tratadas de modo natural, sucedendo-se umas às outras, sem separações ou linhas divisórias. Esta narrativa apresenta um verdadeiro “horror ao vazio”, devido à sua densidade e grande número de personagens.
O escultor trabalhou habilmente este relevo em friso com uma pequena profundidade no talhe, para que os efeitos de luz e sombra não prejudicassem a leitura das cenas quando vistas de baixo.
O relevo desta coluna é considerado uma das obras mais ambiciosas do mundo antigo, sendo muito maior e mais perfeccionista que o friso das Panateneias do Templo do Pártenon.
ARQUITECTURA
- De todas as formas da arte romana, é a arquitectura que melhor testemunha o génio inventivo e prático de Roma e que melhor documenta a sua evolução histórico-social;
- A arte romana sofreu duas fortes influências: da arte ítalo-etrusca, popular, voltada para a expressão da realidade vivida e reveladora de um povo alegre e amante da vida, e da arte greco-helenística, orientada para a expressão de um ideal de beleza; dos etruscos herdaram vários conhecimentos e técnicas tais como: a utilização do arco e da abóbada; a construção de cidades muralhadas com traçado rectilíneo das ruas; a realização de pontes, túneis, esgotos e estradas; a edificação de templos com pódio, pórtico com colunas de madeira, telhados de duas águas e beiral, cella, proporções quase quadradas e paredes de tijolo cru; e a produção de túmulos de várias formas, cujas características se assemelhavam ás casas dos vivos. Aos gregos foram buscar as concepções clássicas dos estilos jónico, dórico e coríntio, aos quais associaram novos estilos, como o toscano e o compósito, que aplicaram na decoração arquitectónica; imitaram as plantas dos templos rectangulares e circulares na construção de basílicas e outros edifícios como os teatros e a domus, cuja concepção parte do peristilo grego, transformando-o um núcleo residencial; o urbanismo romano também adquiriu influências gregas, pois a partir da acrópole e da ágora gregas, os Romanos passaram ao Capitólio e ao fórum de Roma.
Muralha Serviana, Roma, séc. IV a.C.
Muralha de Adriano, Grã-Bretanha
- Pragmática, funcional, colossal e magnificente, a arquitectura romana preocupou-se essencialmente com a resolução dos aspectos práticos e técnicos da arte de construir, respondendo com soluções criativas e inovadoras ás crescentes necessidades demográficas, económicas, políticas e culturais da cidade e do império;
- Nas suas construções os Romanos usaram materiais tradicionais como a pedra, o tijolo, a mármore e a madeira, e outros, mais económicos e fáceis de trabalhar, criados ou recriados por eles de forma inovadora - falamos dos diferentes tipos de opus (termo usado pelos romanos para designar o material ou o tipo de organização dada ao material empregue numa construção. Distinguem-se vários tipos: opus incertum, que usa pedras pequenas e irregulares unidas por argamassa; opus recticulatum, semelhante ao anterior mas com revestimento exterior regular, feito com pequenas pirâmides de calcário cunhadas na parede com a base para fora; opus quadratum, que usa silhares de pedra aparelhada, sobrepostos sem argamassa, cuja coesão é garantida pala colocação de grampos metálicos; opus testaceum, constituído por ladrilhos cozidos dispostos de modo a fazer desenhos quadrados ou triangulares; e opus caementicium), dos quais o mais importante foi o opus caementicium, uma espécie de argamassa de cal e areia, a que se adicionavam pequenos pedaços calcário, pozolana (material de origem vulcânica), cascalho e restos de materiais cerâmicos, que criava uma pasta moldável enquanto húmida, semelhante ao actual cimento ou betão que, depois de seca, se igualava à pedra na solidez e na consistência. A sua utilização desde o séc. IV a.C, facilitou e tornou mais rápida e económica a construção de estruturas complicadas como as coberturas abobadadas ou cupuladas e ainda as paredes arredondadas e em abside; o emprego deste material obrigou ao uso de vários paramentos (revestimento exterior) que disfarçassem o aspecto final pouco decorativo das estruturas. Deste modo, os Romanos inventaram diferentes almofadados em pedra e tijolo e aplicaram revestimentos exteriores com relevos em estuque, placas de mármore policromo ou ladrilhos cozidos. Nos interiores, o revestimento era feito com pedras nobres, mármores, mosaicos e estuques pintados;
- Criaram novos sistemas construtivos, que tiveram como base o arco e as construções que dele derivam: os diferentes tipos de abóbadas, as cúpulas e as arcadas (conjunto de colunas unidas superiormente por arcos). Na verdade estas estruturas não foram inventadas pelos Romanos pois já haviam sido usadas pelos Etruscos e os próprios gregos conheciam o arco, embora nunca o tenham usado. Contudo, nenhum destes povos soube aplicar estes sistemas com tanta perícia técnica e com tanta eficácia e inteligência arquitectónica. A sua utilização, aliada aos novos materiais, permitiu aos Romanos criar variadas tipologias arquitectónicas, diversificar as plantas, projectar compartimentos mais amplos e articular melhor os espaços interiores;
- Desenvolveram as técnicas e os instrumentos de engenharia, assumindo-a como o suporte da arquitectura e atribuindo-lhe, pela primeira vez, uma base científica; realizaram neste campo grandes progressos: aperfeiçoamento dos conhecimentos de orografia e topografia; uso de técnicas de terraplenagem (acto de nivelar os terrenos de modo a prepará-los para a execução da obra); desenvolvimento de processos de embasamento e de suporte; invenção de cofragens (dispositivo amovível de madeira destinado a conter as massas de betão fresco nas formas projectadas; espécie de molde) e cimbres (armação de madeira que suporta e/ou molda os arcos ou abóbadas), que serviram para montar e moldar as estruturas construtivas, economizando assim a mão-de-obra e o tempo da construção; utilização dos grampos de metal para fortalecer as juntas entre os blocos de pedra ou nas zonas de maior pressão dos edifícios.
- A decoração utilizada pelos Romanos pautou-se pelo barroquismo (acto de complicar as formas e os elementos decorativos pela profusão e exagero dos mesmos), que preferiram o exagero ornamental ao equilibrado sentido estético e simples dos Gregos; utilizaram os elementos gregos tais como colunas, entablamentos e frontões, como meras "peças"decorativas, sem qualquer função estrutural, inovando-as ao alterarem as suas formas e proporções; criaram ainda duas novas ordens: a toscana (capitel simples, semelhante ao estilo dórico) e a compósita (junção da ordem jónica e da coríntia; o capitel é decorado com volutas e folhas de acanto).
» Arquitectura religiosa
- Desempenhou funções religiosas, políticas e sociais e encontra-se largamente representada entre as construções romanas;
- Os edifícios religiosos assinalavam, pelo seu valor sagrado e simbólico, os lugares mais importantes das cidades. Entre eles destacavam-se os simples altares (uma espécie de pequenos templos erguidos sobre um pódio e fechados a toda a volta por um muro, decorado com relevos, e só interrompido pela escadaria frontal; o interior é descoberto e composto por um altar, elevado sobre um pedestal de mármore; possuíam um carácter comemorativo), os santuários e os templos, destinados ao culto dos imperadores (divinzados após a morte) e aos Deuses;
Altar da Paz (Ara Pacis), Ano 13 a.C., Roma - vista frontal, lateral e traseira e alguns dos seus frisos, respectivamente
- Os templos romanos do período republicano apresentavam algumas características comuns a todos eles: erguiam-se sobre um estrado em pedra maciça, denominado pódio; possuíam um carácter frontal, com a fachada assinalada pelo pórtico e pela escadaria de acesso ao templo; tinham geralmente uma planta rectangular (tendo existido também, templos de planta circular), apenas uma cella e na maioria das vezes não tinham peristilo, pois as colunas laterais se encontravam embebidas ou adossadas ás paredes exteriores da cella; as colunas e o entablamento eram uma imitação grega, seguindo uma das ordens clássicas, mas possuíam apenas uma função decorativa;
- Mais grandiosos eram os santuários, constituídos por vastos recintos abertos para a paisagem, construídos como amplos anfiteatros rodeados de arcadas, atrás das quais havia templos, alojamentos para sacerdotes e crentes, lojas e outras dependências.
Templo de Vesta, Roma, séc. I a.C
Templo coríntio, Maison Carré, Ano 16 a.C., Roma
Templo- Santuário de Júpiter, Líbano, séc. I d.C.
Templo de Diana, Évora
Panteão de Roma, mandado construir pelo imperador Adriano, para honrar os Deuses da Terra e do Céu, visando a unidade e a fusão de todas as doutrinas religiosas e diversos Deuses que cada povo conquistado por Roma tinha: vista frontal (fig. 1), vista traseira (fig.2), vista lateral das colunas que rodeam o portico (fig.3), a entrada (fig.4 e 5), os interiores (figs. 6, 7, 8, 9, 10 e 11) e a sua planta (fig. 12)
» Obras públicas
- As construções públicas foram o tipo de arquitectura em que os Romanos melhor expressaram o seu engenho técnico e originalidade, mas também as que melhor traduzem o desejo de poder e de grandeza deste povo;
- Abundantes desde o período da República, estas obras foram essenciais durante o Império, devido à enorme expansão territorial e ao crescente aumento demográfico. Foram poucos os imperadores que não deixaram o seu nome ligado a um grande melhoramento público, útil para o povo ou para o embelezamento da cidade;
- Durante o período da República salienta-se a construção de obras com carácter prático e utilitário como as estradas, as pontes e sobretudo os aquedutos, essenciais ao abastecimento de água às cidades e às termas;
Estrada romana em Pompeia
Estrada romana em Argoncilhe, Santa Maria da Feira
Aqueduto e Ponte do gard, França, final do séc. I a.C.
Ponte de Segura, Castelo Branco
Aqueduto romano em Espanha
Ponte romana em Chaves
Aqueduto romano na Tunísia
- O período imperial, por sua vez, deu ênfase a construções mais grandiosas e imponentes destinadas à vida pública, cada vez mais complexa, ou ao lazer e divertimento da população (embora muitas destas construções já existissem durante a República). Destas salientam-se:
Ruínas da Basílica de Maxêncio ou Constantino, Roma, séc. IV
Ruínas da Basílica Emília, período republicano
Anfiteatro Flávio, mais conhecido como Coliseu de Roma, séc. I
Teatro de Marcelo, Roma, séc. I a.C.
Ruínas das termas de Carcala em Roma e um dos seus mosaicos decorativos
Mármores policromos decorativos das termas de Saragoça, Espanha
Decoração das termas romanas com pinturas em estuque
Termas romanas em Espanha
» Arquitectura privada
- Menos imponente que as demais obras romanas, mas igualmente genial, foi a arquitectura privada bastante usada pelos Romanos, que possui duas tipologias distintas:
1. Vestíbulo; 2. Átrio; 3. Impluvium (Tanque para recolha das águas da chuva); 4. Alas laterais do átrio; 5. Tablinum; 6. Triclinium; 7. Cozinha; 8. Quartos; 9. Lojas; 10. Peristilo
Vista exterior de uma Domus Romana e a sua respectiva planta
Átrio de uma domus romana
Ruínas da Domus Aurea (palácio imperial do imperador Nero) e uma das suas pinturas a fresco decorativas
Ruínas do peristilo da Casa dos Vetti, Pompeia
Mosaicos e pinturas a fresco da Villa del Casale
Villa Adriana, "obra" do imperador filósofo e grande viajante, Adriano, que fez desta villa uma espécie de museu, repleto de réplicas das construções e dos locais qua mais o haviam impressionado, feitas à escala humana, mas colocados no terreno de modo imaginativo e sem qualquer submissão á axialidade: o palácio imperial (fig. 1), a hospitalia (alojamento dos soldados da guarda pretoriana fig. 2 e 3), as termas e um dos seus mosaicos decorativos (figs. 4 e 5), o Canopo (pequeno lago que simboliza um antigo canal que ligava as duas cidades egípcias de Alexandria e de Canopo - figs. 6 e 7), o teatro Marítimo (fig. 8), o ginásio (fig. 9)
» Arquitectura comemorativa
- O espírito histórico e triunfalista dos Romanos levou-os a produzirem obras com fins comemorativos e que assinalassem, pela sua presença evocativa, as conquistas militares e políticas dos grandes oficiais e dos imperadores. Dentro desta arquitectura salientam-se duas tipologias: as colunas honoríficas e os arcos de triunfo, que eram ambos ricamente decorados com baixos e altos-relevos e estátuas ou esculturas alegóricas e/ou honoríficas. A sua colocação fazia-se, geralmente, a meio das vias importantes ou nas entradas e saídas dos fóruns, embora, por vezes, estivessem adossadas ás portas das muralhas das cidades, a pórticos e aquedutos.
Arco de triunfo de Septímio Severo
Arco de triunfo de Tito
Arco de triunfo de Constantino
Coluna de Trajano
Situados no alto da cidade, na acrópole de Atenas, estes templos são dois dos exemplos máximos do génio grego e da perfeição alcançada na arquitectura.
TEMPLO DO PÁRTENON
O Templo do Pártenon foi reconstruído sobre estruturas já existentes, no tempo de Péricles, para celebrar a vitória contra os Bárbaros. Pretendia ainda simbolizar a hegemonia de Atenas sobre as restantes cidades gregas no que se refere à cultura, à capacidade naval, ao comércio e à política em que se destacava a sua organização democrática.
O seu nome significa "casa da virgem" e foi dedicado a Athena Pallas, deusa dos atributos guerreiros e da sabedoria, guardiã e protectora da cidade-estado Atenas.
Esta construção assinala o apogeu da arquitectura grega, sendo o edifício mais carismático e esbelto e o maior templo da Grécia Antiga, e demorou 11 anos (447-436 a.C.).
Os artistas que se destacaram na sua construção e decoração foram o escultor Fídias e os arquitectos Íctino e Calícrates.
É um templo dórico, cujas colunas têm um capitel geométrico e muito simples, em forma de almofada. É ainda períptero, por ter colunas a toda a volta, e octástilo pois possui oito colunas na fachada anterior, de entrada, e posterior, e dezassete - o dobro mais uma - nas fachadas laterais; assenta sobre uma plataforma com três degraus e possuia uma rampa de acesso.
O edíficio é rodeado por uma colunata que ladeia o peristilo, suporta a arquitrave, o friso e a cornija e que lhe confere um carácter particular, onde se une força, robustez e elegância.
O seu corpo central é dividido em três espaços: o pronaos, o naos ou cella, que continha a estátua criselefantina (feita em ouro e marfim) de 12 metros de altura, da deusa Atena Parteno, executada por Fídias, e o opistódomos onde se encontrava guardado o tesoura da "Liga de Delos", que estava a cargo de Atenas. O pronaos e o opistódomos abrem-se sobre um pórtico interno com seis colunas.
A cobertura do templo era feita por um telhado de duas águas, que formava os frontões triangulares que eram preenchidos por relevos. Era decorado com cores vivas tais como o vermelho, o azul e o dourado e foi construído em mármore branca que com o tempo adquiria um suave tom dourado.
Reconstituições feitas a computador do templo do Pártenon, com as cores e decoração originais
A decoração esculpida encontra-se nos frisos e nos frontões: no friso exterior estão representadas quatro lendas bélicas - na fachada meridional, a luta dos Centauros contra os Lápitas, na fachada ocidental a luta dos gregos contra as Amazonas, na fachada setentrional a tomada de Tróia e na fachada oriental a luta dos Deuses contra Gigantes; no friso interior, ao longo longo da parte superior das paredes exteriores da cella, situa-se o friso jónico contínuo da Procissão das Grandes Panateneias (personagens e animais, organizados em desfile transportando o novo manto em ouro que as jovens atenienses ofereciam à deusa Atena, de quatro em quatro anos); no frontão este está representado o nascimento de Atena, saindo da cabeça de seu pai, Zeus, e no frontão oeste, a disputa da Ática por Atena e Poseídon.
Colunas dóricas do templo
Pormenor do frontão, dos frisos e das colunas do templo
Relevo da fachada meridional - Luta dos Centauros contra os Lápitas
Relevos das paredes exteriores da cella - Procissão das Grandes Panateneias
Detalhe da parte superior do templo, mostrando a inserção do relevo nas métopas
Os deuses a assistir á Procissão das Panateneias (fig. cima - Poseídon, Apolo e Artemisa; fig. baixo - Atenas e Hefestos)
Relevo da fachada setentrional a tomada de Tróia
Toda a estrutura do templo do Pártenon pode ser lida de uma maneira significativa: o povo eram as colunas; o conjunto dos pórticos de entrada, encimados pelo frontão e colocados paralelamente, funcionavam como orgãos do tear, que era o símbolo de todos os lares gregos; e, por último, o engrossamento das colunas, provocado pela entasis, sugerem visualmente as velas de um barco insufladas pelo vento, que simbolizam o poder bélico e económico de Atenas.
O TEMPLO DE ATENA NIKÉ
O templo de Atena Niké ou Niké Áptera (que significa vitória sem asas) é um hino á deusa Niké e à feminilidade que a ordem jónica representa.
Construído entre 432 e 420 a.C., o templo ergue-se no muro oriental da muralha da acrópole de Atenas e seguiu o plano do arquitecto Calícrates.
O templo era rodeado por uma balaustrada (espécie de varanda), mais tardia que o templo, que tinha como objectivo proteger os peregrinos do precipício a que se elevava o templo.
Reconstituição feita a computador mostrando a aspecto original do templo com a balaustrada á volta
É um templo de dimensões reduzidas, localizado á direita da entrada da acrópole e enquadrado obliquamente em relação ao Propileus (entrada monumental para a acrópole).
Enquadramento do templo no Propileus
Construído em mármore pantélico, é um templo jónico anfipróstilo, pois possui quatro colunas nas fachadas principal e posterior, que se destaca pela extrema simplicidade.
Devido ao reduzido espaço para a sua construção, o templo continha apenas uma pequena cella, sem opistódomos.
A sua requintada decoração, concentrada no friso, é uma obra do escultor Agorácrito. O friso é uma faixa contínua onde aparecem representados os deuses do Olimpo, sentados ou de pé, seguindo atentamente as batalhas entre Gregos e Persas. A balaustrada do templo era decorada com uma série de vitórias aladas (nikái), cujas personagens possuiam atitudes graciosas e grande harmonia de proporções, erguendo troféus e celebrando sacríficios.
Frisos do templo decorados com cenas das batalhas entre Gregos e Persas
Nos frontões a decoração possuia uma temática diferente: a este, a dos gigantes, e a oeste, a das amazonas.
A decoração esculpida deste templo é um verdadeiro hino à beleza e à harmonia.
Um dos seus mais famosos relevos é a "Niké desapertando a Sandália".
Estas figurações não são apenas corpos estruturais envolvidos em vestuário, mas sim formas moldadas por drapeados flutuantes e transparentes, que fazem sobressair uma sensualidade subtil, que anuncia a arte do séc. IV a.C.
O estádio e o teatro eram duas das instituições socioculturais mais importantes da cidade grega, pois neles se celebravam inúmeros e programados concursos e festivais que faziam parte do culto cívico, cultural e religioso.
Os maiores santuários da cidade possuiam na sua área os teatros e estádios, a par de templos, tesouros, oráculos, hipódromos e acomodações para sacerdotes e peregrinos. Em todos eles havia celebrações de festivais que se realizavam na data de aniversário do Deus a que eram destinados, dos quais faziam parte cerimónias religiosas, concursos ginasiais, hípicos e atléticos, concursos líricos e musicais, de tragédia e comédia e, por vezes, também concursos de beleza para homens e mulheres.
O ESTÁDIO
Os estádios eram construções destinadas á prática de jogos. A formação escolar grega incluía aprender a ler, escrever, contar, tocar um instrumento, cantar, recitar, dançar e praticar exercício físico nos ginásios, a fim de se prepararem para a Guerra e também para os jogos.
Nos jogos só podiam participar os cidadãos gregos que fossem membros da boa sociedade e tivessem boa consciência para com os homens e para com os Deuses; por isso os atletas não eram profissionais.
Os melhores recebiam coroas de oliveira ou de loureiro e a admiração e estima dos seus compatriotas, pois conseguiram ultrapassar os seus próprios limites na procura da excelência, atingindo o supremo valor do pensamento grego. Além disso, eram também imortalizados pelos poetas nos seus cantos de vitória e pelos escultores nas suas estátuas.
No séc. IV a.C, por várias razões, as competições desportivas decaíram e os participantes passaram a ser profissionais. Em 393 a.C., o imperador Teodósio proibiu estes jogos, considerando-os pagãos.
Estádio de Epidauro, sécs. V e IV a.C.
Estádio de Delfos, séc. V a.C.
Ruínas do Estádio de Olímpia
Estádio de Priene, período helenístico
O TEATRO
O teatro (theatron - local onde se vai para ver) nasceu no séc. VII e revestiu-se de grande importância entre os gregos, por diversas razões. Pensa-se que está relacionado ao culto do Deus Dionísio (Deus do Vinho).
Pisístrato e Péricles foram os dois grandes impulsionadores do teatro em Atenas. O primeiro organizou os primeiros concursos dramáticos em 534 a.C., e o segundo foi o grande defensor do teatro, nomeadamente com o theórikon (Péricles oferecia bilhetes aos mais pobres, para que estes também podessem assistir ao espectáculo).
O teatro tinha uma função cultural e de formação cívica e religiosa dos espectadores, levando-os a pensar e a reflectirem sobre o sentido da existência humana, o destino do Homem, o poder dos Deuses e a vingança destes sobre quem os desafiasse. Era também através do teatro que se ensinavam as virtudes aos cidadãos (ética, moderação, humanismo, pacifismo, sabedoria, coragem, entre outras), levando-os também a reflectir sobre os vícios dos homens (adultério, ambição, maldade, desrespeito pelas leis e pela religião, entre outros).
Os concursos estavam a cargo de um grupo de altos magistrados e cidadãos ricos (coregia), que escolhia as peças, nomeava os actores e financiavam o espectáculo.
Os actores ou hipócritas eram sempre homens e interpretavam na mesma peça vários papéis, inclusivé papéis femininos, por isso usavam uma grende variedade de trajes e também máscaras que os ajudavam a caracterizar a personagem.
Existia também o coro, que dançava e cantava ao som do oboé, pois poesia, dança e música estão sempre interligados.
As representações duravam quatro dias seguidos, sem entreactos ou intervalos; tinham sempre uma assistência muito concorrida, atenta, divertida e participativa.
Os primeiros teatros eram construções bastante simples: a orquestra ficava no ponto mais baixo, em terra batida; as bancadas eram em madeira ou cávea e estavam dispostas em semicírculo nas vertentes naturais; e o palco ou cena era uma espécie de estrado com uma tenda que servia de cenário e camarim para os actores. Os teatros em pedra surgiram apenas do final do séc. V a.C., nas cidades e nos santuários, construídos no declive das colinas, pois a depressão geográfica criava boas condições acústicas e propiciava a visão total do espaço, e virados para o mar ou para a montanha, pois a paisagem natural integrava o cenário.
A tragédia é o género mais antigo e atingiu o seu apogeu no tempo de Péricles pois este considerava o teatro uma verdadeira instituição pública com fins cívicos e religiosos, para além de promover também a cultura dos cidadãos atenienses. A tragédia era escrita em verso e o seu conteúdo estava quase sempre ligado ás antigas histórias religiosas, representando a vida dos deuses e a loucura e insensatez do Homem, numa luta constante entre as forças humanas e as forças divinas e do destino que, devido ao fatalismo e à maldição, se impõe.
O enredo, descrito em tensão crescente, prende o espectador que vai pressentindo a iminência da catástrofe.
Dentro deste género os principais representantes são:
Ésquilo (525-456 a.C.), conhecido como o verdadeiro criador da tragédia grega; as suas peças mais conhecidas são: "Os Persas" e "Prometeu Acorrentado";
Sófocles (495-405 a.C.), o autor mais premiado. As suas obras mais conhecidas foram: "Ajax", "O Rei Édipo" e Antígona", onde descreve o homem comum, com carácter e sentimentos, numa construção perfeita e de grande sentido dramático, onde o suspense está sempre presente;
Eurípedes (485-406 a.C.), que em obras como "Medeia" e "Electra", realçou o papel da mulher, questionou a religião e a tradição, incentivando e provocando no espectador a admiração e o respeito pelo cidadão e pelo camponês humilde e digno, que, numa atitude revolucionária, lutam contra o destino e contra os ricos, pela defesa da igualdade política e pela justiça social.
Outro género do teatro foi a comédia, mais tardia e menos duradoura que a tragédia. O seu conteúdo estava principalmente ligado aos assuntos do quotidiano e da vida terrena, ridicularizando com um grande espírito crítico e liberdade os vícios, hábitos, modas e atitudes dos políticos, filósofos, escritores e até dos deuses.
Neste género o seu principal representante foi:
Aristófanes (445-385 a.C.), conhecido pela sua fecunda inspiração, virtuosismo verbal, liberdade de linguagem, veia cómica e impiedosa sátira e por questionar a actualidade política e social e elogiar a excelência dos costumes antigos; as suas principais obras são: "A Rã", "As Moscas na Figueira", "A Assembleia de Mulheres" e "Os Cavaleiros".
Teatro de Dionísio
Teatro de Mileto
Teatro de Pérgamo
ARQUITECTURA
- A arquitectura grega mostra-se como um dos aspectos mais importantes da civilização grega, dado que os seus colossais monumentos arquitectónicos provocam uma grande admiração perante os olhos daqueles que os observam e porque mostram o grande controlo que os gregos exerciam sobre si mesmos, revelado nas suas obras através da perfeição, do equilíbrio e da harmonia;
- Influências das culturas mesopotâmica, egípcia, cretense e micénica;
- Inicialmente a arquitectura grega utilizou materiais como a madeira, tendo sido substituída pela pedra calcária (sobretudo o mármore) a partir de finais do séc. VII a.C.;
- Dividiu-se em três períodos distintos:
» Período Arcaico (séc. VIII ao inicio do séc. V a.C.) - Caracteriza-se pela procura do inteligível, da ordem, do monumental e da maturidade;
» Período Clássico (segunda metade do séc. V ao séc. IV a.C.) - Período caracterizado pela procura do equilíbrio, da plenitude, do idealismo e do naturalismo/realismo. É considerado o século de ouro da arquitectura grega.
» Período Helenístico (séc. III a.C. ao inicio da Era Cristã) - Época de declínio, do gosto pelo concreto e pelo individual; mistura de culturas;
- Criaram normas e regras construtivas, cânones para a concretização artística, valores estéticos e modelos duradouros, nos quais todos os detalhes, os aspectos decorativos e/ou pormenores tinham de se sujeitar á harmonia e ao ritmo do conjunto. Definiram assim os princípios básicos da geometria plana e espacial e as primeiras noções de medida, proporção, composição e ritmo através dos quais qualquer organização plástica de deveria reger. Para isso, os arquitectos gregos elaboraram projectos nos quais constavam o estudo topográfico do terreno, a adaptação do edifício ao relevo e a escolha criteriosa da ordem, de acordo com o tipo de edifício. Depois elaboravam cálculos onde as medidas e as proporções eram rigorosamente estabelecidas. Criavam ainda maquetas, em madeira ou terracota, que eram submetidas posteriormente a aprovação final.
- O templo foi o edifício que despertou maior interesse entre os gregos e a expressão máxima da arquitectura grega;
- Era a morada e abrigo do Deus, local onde se colocava a sua imagem, á qual os fiéis não tinham acesso, pois os rituais eram realizados ao ar livre, ao redor do templo (Os fiéis apenas subiam ao templo para entregarem oferendas e realizarem sacrifícios). Também por esse motivo havia uma maior preocupação com a decoração exterior do que com a interior;
- A sua forma e estruturas básicas evoluíram a partir do mégaron micénico, que era formado por uma sala quadrangular, um vestíbulo ou pórtico suportado por duas colunas e com telhado de duas águas). Esta estrutura básica tornou-se, a pouco e pouco, mais complexa, de maiores dimensões e rodeada de colunas;
Templo de Ceres, Paestum
- Exteriormente era decorado com majestosas esculturas e pintado com azuis, vermelhos e dourados;
- Utilizava o sistema de construção trilítico definido por pilares verticais unidos por lintéis (arquitrave) horizontais;
Templo de Poseídon
- Possui uma aximetria axial, criando fachadas simétricas, duas a duas;
- Na sua estrutura planimétrica (planta) era constituído por três espaços: a pronaos (espécie de pórtico); a naos ou cella (local onde se encontrava a estátua da divindade) e pelo opistódomos (câmara do tesouro onde eram guardados os bens preciosos da cidade, assim com as oferendas ao Deus). Esta estrutura tripartida era rodeada por um peristilo, uma espécie de corredor coberto e circundante, por onde circulavam os fiéis;
- Em alçado era formado por uma base ou envasamento (plataforma que servia para nivelamento do terreno), por colunas (sistema de elevação e suporte do tecto), pelo entablamento (elemento superior e de remate, constítuido pela arquitrave, pelo friso e pela cornija, encimada pelo frontão triangular). O tecto de duas águas era coberto por telhas em barro;
- As colunas e o entablamento eram construídos segundo estilos arquitectónicos ou ordens (processo de articulação métrica dos diversos elementos de um todo, em função da sua harmonia final. Essa articulação, a partir da base, da coluna e do friso, regula as dimensões do templo em números, características e relações mútuas):
» Ordem dórica - Nasceu na Grécia Continental por volta de em 600 a.C.; possui formas geométricas e a sua decoração é quase inexistente; não tem qualquer tipo de base, assenta directamente no estilóbato (último degrau, superior, onde assenta o edifício); apresenta um aspecto sóbrio, pesado e maciço, traduzindo assim a forma do homem; o fuste é robusto e com caneluras em aresta viva e capitel formado pelo ábaco e equino ou coxim, extremamente simples e geométrico, com forma de almofada. Simboliza a imponência e a solidez;
Colunas dóricas do Templo do Pártenon, Atenas
» Ordem jónica - Nasceu na Jónia no séc. VI a.C.; difere da ordem anterior nas proporções de todos os elementos e na decoração mais abundante da coluna e do entablamento e pela coluna assentar numa base; pelas suas dimensões e formas mais esbeltas, traduz a forma da mulher; possui um fuste mais longo e delgado, com caneluras semicilíndricas, sem arestas vivas, e em maior número que na ordem dórica; o capitel possuía um ábaco simples e o equino em forma de volutas enroladas em espiral;
Coluna do Templo do Erectéion, Atenas
» Ordem coríntia - Apenas apareceu no final do séc. V a.C. e é uma derivação da ordem jónica, resultado do seu enriquecimento decorativo; possuía um capitel com forma de sino invertido, decorado com folhas de acanto, coroadas por volutas jónicas; a sua base era mais trabalhada e o fuste mais adelgado; simboliza a ambição, a riqueza, o poder, o luxo e a ostentação;
Colunas coríntias do Templo de Zeus Olímpico, Atenas
Estrutura da ordem dórica e jónica, respectivamente
- Em alguns templos, a função icónica das colunas adquire antropomorfismo num dos pórticos, através da sua substituição por estátuas de figuras femininas - cariátides - ou masculinas - atlantes;
Pórtico das cariátides no Templo do Erectéion, Atenas
- Em todas as suas construções, os arquitectos gregos procuraram uma ilusória sensação de simplicidade, o que não é inteiramente verdade, pois verificaram-se em templos dóricos determinadas deformações ópticas que foram corrigidas matemáticamente (correcções ópticas): os elementos horizontais do templo que, visualmente, são lidos de forma côncava, são ligeiramente encurvados para cima e para fora; os elementos verticais inclinados para dentro e para cima segundo um ponto de fuga; toda a colunata é construída ligeiramente inclinada para dentro do templo, pois a tendência de leitura era ver o edifício curvado para fora; a distância entre as colunas, exactamente iguais quando medidas, aparecem ligeiramente distorcidas ao olho humano; o fuste das colunas era ligeiramente engrossado no primeiro terço da sua altura (êntase) e o intercolúneo era maior entre as colunas das pontas do que nas do meio;
Templo de Hefesto
A arte etrusca refere-se à arte da antiga civilização da Etrúria localizada na Itália central (actual Toscana) e que teve o seu apogeu artístico entre os séculos VIII e II a.C.
As origens deste povo, e consequentemente do estilo, remontam aos povos que habitavam a região (ou a partir dela se deslocaram) da Ásia Menor durante a Idade do Bronze e a Idade do Ferro , mas também de outras culturas influenciaram a sua arte (por proximidade ou contacto comercial), como a assíria, egípcia, fenícia, grega e a oriental. Mas o seu aparente carácter helenístico simples (visto que o seu florescimento coincide com o período arcaico grego) esconde um estilo único e inovador de características muito próprias que viria a influenciar profundamente a arte grega e romana.
- Os artistas etruscos eram artesãos de grande habilidade. Executaram objectos (esculturas, peças em cerâmica, espelhos, caixas, etc) de grande qualidade e maestria utilizando materiais como a terracota, a pedra, o barro, o bronze e outros metais;
Estátua em bronze
Esculturas em terracota
Escultura em pedra
Relevos em bronze
Relevos em pedra
Espelho em bronze
Jarro em barro
Cerâmica etrusca
- Conceberam também peças de joalharia em ouro, prata e marfim e um tipo de cerâmica negra denominada Bucchero.
ARQUITECTURA
Para além de uma grande variedade de artes decorativas, os etruscos desenvolveram construções arquitectónicas tais como templos religiosos que se assemelhavam aos templos gregos mais simples, mas sem a típica elegância dos mesmos e com algumas diferenças: eram templos de pequenas dimensões, com planta rectangular e sem peristilo; possuiam base em pedra, estrutura em madeira e revestimento em barro na arquitrave e beirais; pelo lado Sul e subindo os degraus do podium, tinha-se acesso a um pórtico com duas filas de quatro colunas; construiram também palácios, edifícios públicos, aquedutos, pontes, esgotos, muralhas defensivas e desenvolveram projectos de urbanismo onde a cidade se articulava a partir de um centro que resultava da intersecção das duas vias principais (cardo, sentido Norte-Sul e decumanos, sentido Este-Oeste). Utilizaram o arco de volta-perfeita, a abóbada de canhão e a cúpula.
Utilização do arco de volta-perfeita numa construção etrusca
ARTE FUNERÁRIA
Em escavações feitas em túmulos subterrâneos encontraram-se urnas de barro (onde se colocavam os restos mortais) com elementos escultóricos que representavam elementos anatómicos do falecido (por exemplo, tampas em forma de cabeça); bustos (invenção etrusca); esculturas e relevos em sarcófagos onde, numa fase posterior, as figuras humanas, em tamanho real, surgem reclinadas sobre a tampa como se de um leito se tratasse (estátuas jacentes). Embora a estatuária etrusca apresente uma nítida influência grega, no caso das estátuas jacentes, os etruscos não usaram a pedra, mas sim materiais mais brandos que possibilitaram uma modelação mais elástica, fluida e arredondada, dando ás figuras uma natural espontaneidade e naturalismo.
Busto em bronze
Urnas etruscas
As câmaras funerárias, que retratam o interior de uma habitação, possuem tecto em abóbada ou falsa cúpula e são revestidas de pinturas murais a fresco, que retratam cenas mitológicas, do quotidiano e rituais funerários, com carácter bi-dimensional, estilizado (formas delineadas a negro) e com cores vivas e atmosfera jovial. Numa fase posterior, esta atitude de festividade perante a morte sofre alterações, possivelmente pela influência da arte grega do período clássico - as figuras passam a ter uma atitude pensativa e de incerteza perante o final da vida e as pinturas tornam-se mais sombrias e mórbidas, encendo-se de demónios e monstros que acompanham os mortos para o mundo subterrâneo.
Praticam ainda pinturas a fresco com temas narrativos e anedóticos. As cores mais usadas foram o vermelho, verde e o azul pois possuiam conotações religiosas.
A arte fenícia refere-se à expressão artística dos Fenícios, um povo semita do Mundo Antigo. A sua origem é desconhecida, mas sabe-se que se estabeleceram na Fenícia (região mediterrânea correspondente ao Líbano, Síria e Israel) por volta de 3000 a.C.
Os Fenícios eram altamente civilizados (inventaram um sistema de escrita anterior ao alfabeto moderno) e eram hábeis comerciantes marítimos. Atingiram o auge do poderio entre 1200 e 800 a.C. Foram conquistados pelos Persas no séc. VI a.C.
- A constante presença de potências estrangeiras na vida cultural dos fenícios e a preocupação com os negócios, foram provavelmente as causas da sua pouca originalidade nas criações artísticas: as sepulturas fenícias, por exemplo, eram decoradas com motivos egípcios ou mesopotâmicos;
- Apesar de serem mais habilidosos que criativos foram encontradas pequenas tábuas de argila contendo documentos administrativos, cânticos religiosos, hinos e textos mitológicos que trouxeram maiores informações sobre as crenças religiosas desse povo;
- Os fenícios erguiam altares nas partes mais altas de suas cidades para sacrificar pequenos animais que serviam de oferenda aos seus deuses, que representavam fenómenos da Natureza;
- Influências da arte egípcia, mesopotâmica, egeia (principalmente micénica) e grega;
ARQUITECTURA
- Templos com grandes pátios e altar principal; são comuns elementos decorativos como colunas, estátuas e estelas;
- Devido ao pouco espaço territorial, os fenícios obras que se pautam pela verticalidade;
- As cidades fenícias são cercadas por muralhas; os bairros possuem casas com vários pavimentos, uma zona portuária, templos e o palácio do príncipe local.
Ruínas de Cartago
Colunas das ruínas de Cartago
Ruínas de um templo
ESCULTURA
- Representação de divindades e outras figuras em pedra, marfim e terracota, assim como vasos;
- Estelas funerárias, pequenos altares e sarcófagos;
- Os fenícios viajam muito devido á prática do comércio e por isso a sua arte é muito influenciada pela cultura de outros povos. Um bom exemplo é a arte funerária. Usaram túmulos precedidos de um corredor, de típica influência micénica; alguns foram decorados com motivos egípcios e outros ainda, assemelham-se a templos gregos;
- Os trabalhos em marfim (pentes, estojos, estatuetas, etc) e em metal (cobre, ouro, prata e bronze - objectos santuários, jóias de alto valor, moedas, etc) constituem uma das actividades artesanais mais apreciadas pelos fenícios, assim como o mobiliário doméstico; estes objectos eram decorados com cenas do quotidiano e motivos animais; eram representações bastante naturalistas e realistas.
PINTURA
- Acompanha a escultura pois os pintores trabalhavam as obras de arte esculpidas.
ARTE MICÉNICA
- Caracterizou-se principalmente pelo desenvolvimento da arquitectura, tendo como modelo o megaron micénico (sala central do palácio de Micenas); contrariamente à arquitectura minóica, a micénica possui um forte sentido militar onde se observam fortalezas rodeadas de muralhas edificadas em pedra com grande precisão. O palácio divide-se em três áreas simples: um pórtico com duas colunas leva à antecâmara que antecede a grande sala de audiências, rectangular e com quatro colunas a envolver uma lareira central circular; ao redor dos palácios, no interior da cidadela, e também do lado de fora, junto às muralhas, haviam várias casas de planta retangular e diversos cômodos, um deles habitualmente com lareira. As paredes eram de tijolo seco ao Sol, barro comprimido reforçado com cascalho, vigas de madeira, ou uma combinação disso; as fundações eram de pedra, ou de simples cascalho misturado com barro. O telhado era provavelmente plano, composto de uma estrutura de madeira recoberta de reboco ou terra - casas dos cidadãos mais ricos e influentes da sociedade micénica; os mais pobres viviam em cabanas de um ou dois cômodos situadas fora das muralhas. As paredes eram de tijolos secos ao sol ou de madeira, o chão era de terra batida e o telhado, plano, era em geral recoberto de palha;
Fundações de uma casa particular localizada do lado de fora das muralhas da cidadela de Micenas Reconstituição da acrópole de Micenas Galeria da muralha de Tirinto - Desenvolveu-se ainda o artesanato em cerâmica, decorados com cenas do quotidiano e motivos florais e animais; Vaso decorado com cena de funeral e prossição
- Apesar da forte influência cretense, a arte micénica desenvolveu elementos peculiares, distanciando-se das influências orientais; do Antigo Egipto receberam influências relacionadas com o culto dos mortos, nomeadamente no que diz respeito à construção de câmaras funerárias em pedra;
- A escultura foi uma modalidade pouco praticada. Destacam-se os relevos tumulares, cujos temas eram cenas de caça e guerra, com as populares espirais interligadas; as esculturas em pequena escala, em terracota pintada, como as "deusas do lar" - phi e psi (figuras femininas de pé, em diversas atitudes, e com grande estilização) e as "deusas domésticas" (estatuetas femininas pintadas, de base cilíndrica, traços estilizados e braços levantados, e pequenas figuras de animais com desenhos pintados) e ainda as esculturas em grande escala associadas á arquitectura (como a Porta dos Leões, em Micenas, onde se vêm dois leões virados para uma coluna micénica, inseridos na muralha defensiva. Neste exemplo são notórias as semelhanças com a tradição da escultura mesopotâmica, pela imponência e severidade formal);
Porta dos Leões
Relevo tumular
Pequena escultura em marfim de uma pyxis (caixa de cosméticos)
Estatuetas em terracota e marfim, respectivamente
- Primorosos trabalhos em metal e outros materiais e a joalharia, que receberam grande influência da arte minóica, no tratamento formal e na técnica (se é que não terão mesmo sido produzidos por artesãos vindos de Creta); destacam-se os punhais com incrustações, ornamentos para indumentária, diademas, broches, alfinetes, colares e as famosas máscaras funerárias em ouro, que serviam para cobrir o rosto do falecido;
Jóias do Tesouro de Egina
Máscara funerária de Agamémnon, ouro
Anel em sinete de ouro, com cena de caça
Diadema em ouro
Pormenor de uma arma micénica, bronze e incrustações em ouro, prata e niello
Taça em ouro
Vaso de cristal de rocha em forma de pato
- A pintura micénica teve como principais temas a representação da vida animal (como golfinhos, pássaros, cobras, touros e principalmente felinos, como o leopardo e o leão e ainda animais heráldicos, como grifos) onde é regra aparecerem com as patas dianteiras e traseiras esticadas, símbolo de movimento; cenas de caça, guerra, da vida quotidiana e procissões rituais.
Reconstituição do Megaron do Palácio de Nestor, pinturas a fresco que representam leões e grifos
É comum também apareceram elementos da flora marítima e a espiral, elemento decorativo muito usado, até na arquitectura; a tipologia mais usada na pintura, pela civilização micénica foi a pintura mural a fresco, cujos temas eram cenas do quotidiano e descrições do mundo natural; obras plenas de naturalismo, vivacidade e movimento. A arte micénica, em comparação com a dos minóicos, era solene.
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